A ignorância do saber
É ignorante todo aquele que acha que o saber científico é um saber de superioridade em relação aos demais. O saber, desde Sócrates, trouxe novas dúvidas e não certezas absolutas.
Por isso, vem a tão frase clássica: “Só sei que nada sei”.
Boaventura de Sousa Santos aponta que toda ignorância traz consigo um saber e todo saber traz consigo uma ignorância. Edgar Morin fala da ignorância dos intelectuais, que é se fechar em um ciclo de certezas abstratas e visões mecanicistas, excluindo todo pensamento “não culto”.
Muitos se consideram ser a própria verdade e o próprio saber e não alguém que conseguiu fazer interpretações da verdade e do saber.
Vejo o conhecimento como um caminho ao encontro de responder questões macro, não como à certeza em si.
Todos os seres humanos ainda têm incertezas e para mim são essas incertezas que nos guiam, para aprender mais. Algumas incertezas talvez durem por toda a vida, principalmente questões como a essência da vida, de onde viemos e para aonde vamos.
Todo aquele que faz uso da ciência para se sobressair em relação aos que não tiveram o mesmo acesso mostra a ignorância humana e um egocentrismo exacerbado. Além disso, jamais conseguirá traduzir a importância do conhecimento não científico, que está nas ruas, nas tradições populares e nos outros modos de viver e enxergar o mundo.
A missão de quem está no campo científico é fazer uma tradução para os que não têm o mesmo acesso e trazer melhorias, não é se restringir, se fechar e criar uma alienação intelectual, alimentada por grupos que se fecham neles mesmo.