
- Jornalista, RAPentista do grupo "A Velha Capital", acadêmico, torcedor do Baraúnas, militante do PSOL e poeta
Doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de Coimbra
e/ou Mossoró
Letras
ALIENAÇÃO
Alienação, eu estou construindo a minha
Por isso que não participo de rinha
Uns se preocupam em disputar, eu só faço a minha
Essa é para você que faz questão de ser chamado de intelectual
Senta lá um pouquinho e escuta o papo do meu ancestral
É o meu bisavô, que soltava o verbo direto
Um grande poeta, mestre das palavras, mesmo analfabeto
Mostrando que no Nordeste do Brasil é diferente
O nascimento já é narrado em repente
Então, pra falar entre a gente
Nos preocupamos menos em citar e mais em beber da fonte
Sem metodologia, eu busco escritos até debaixo da ponte
E para continuar essa levada
Meu parceiro Gregório Duvivier deu uma lapada
Mostrou que a classe mais odiada
É justamente essa tal de intelectualizada
Porque julga o resto do povo como se não soubesse de nada
Porque pra você fácil ver o moleque calado, sozinho e sentado
E chamar de alienado
Enquanto você tem “olhar privilegiado”
Mas você nem ouviu o outro lado
Será que não é você que está com o circuito fechado?
Agora chega o Mossoró e quer pagar de herói?
Verão o que uma andorinha já mostrou: individualizando a missão se destrói
Jogo pelo povo estou sempre na esquerda, aceita
O meu time é só um lado, não vai ter nem meia direita
Agora assuma a sua missão e para com esse lance de ego-ísta
Porque pensar só no seu umbigo, eu já vi até em ativista
Essa é pra você que se acha bem capaz!
É por que prefiro escutar o Luaty Beirão, que tem motivo, mas não gosta de ser cabeça de cartaz
Já vi muita gente boa morrer na cruz
Então, vamos voltar lá e ler Carolina de Jesus
Escrevi esse som no segundo dia de 2017
E a cada dia que acordo ainda vou nos otimistas acreditando que a história não se repete
LOLOLOLOLOLOOOUCURA!
Autores: Mossoró e Carlos Guerra Júnior
Pela primeira vez juntos
A loucura não existe
Se existe, persiste
A loucura existe e existe sim
A loucura já tomou conta de mim
A loucura existe e está por todo lado
Cada loucura tem um significado
A loucura é complexa
É a verdade perplexa
A loucura existe para você entender
Mas é tão difícil, que sou eu que peço desculpas, se você não conseguir entender
Porque a loucura é o que você não acredita
É a visão de forma surpreendida
A loucura é a voz calada
A visão que não pode ser mostrada
A loucura é o bem maior!
Nem Carlos Guerra Júnior, nem Mossoró
A loucura é o bem maior!
E nunca vai ter um lado só
A loucura é a possibilidade de imaginação
Na dificuldade de adaptação
Nesse mundo de representação
Mas tanta loucura pra quê?
A loucura é justamente o que não me liga a você
A loucura é o que eu não confesso
A loucura é o meu universo
Esqueça a loucura e nunca diga
Há uma coisa que liga
Esse mundo de mentira
É falar só no que você acredita
Para se ter respeito
Só existe um jeito
Falar do seu jeito
E nada do que estiver no meu peito
Independente do que me incomode
Só há um jeito que pode
Esquecer a loucura
E viver nessa ditadura
Onde não se pode usar a imaginação
Onde não se pode ter a minha visão
A sua ausência é justamente ter como falar
É esperar, pensar, lembrar
E de uma forma muito linda ou coerente argumentar
A loucura é o amor
É a volta do Griot
É a poesia mais viva
É a verdade criativa
E o freestyle na ativa
Desculpa, eu vou fazer uma repetição:
A loucura é a adaptação
Nesse mundo sem imaginação
Ah, não tem repetição
A loucura é imaginação
Sem adaptação
E sem mundo também
A loucura não convém
E você não pode sair
Do que está colocado aqui
A loucura nunca vai acabar
Mas vai ter uma hora que você vai ter que se adaptar
Pronto, eu me adaptei!
E com essa poesia eu parei...
NÃO ADAPTADO
Isso pode parecer doença
Gritar e reivindicar a diferença
Marginal, estranho ou não adaptado
Ruim mesmo é se eu fosse centrado
Adaptado com discurso aritmético
Eu quero é mostrar a banha do esquelético
O povo me estranha
O povo apanha
O não povo ganha
E você ainda se preocupa em ter um discurso bonitinho e pacífico?
Vem marginal e mostra seu discurso crítico
Discurso com ordem?
Quero é que se incomodem
Foda-se, o discurso é marginal
A única regra é você mandar a sua real
E não ficar apenas no mundinho virtual
A minha literatura é andar ao contrário
Em um mundo cada dia mais reacionário
É no rap, no grafite e até no risco do banheiro
Falando no olho-olho com cada parceiro
Literatura pra é falar na manifestação pelo cone
Ou reconhecer Dona Maria pelo nome
Quando for criado a horizontalidade
É Dona Maria que vai lhe ensinar o que não se diz na universidade
Literatura é xingar o opressor sem medo de palavrão
É você reivindicar que na sua cidade tenha um melhor busão
Literatura não tem limite
E pode te trazer o real, mesmo que você não acredite
Reivindicar voz parece crime
Mas quando a gente percebe que todo mundo tem algo que lhe ensine
Que você escuta o papo reto.. de um analfabeto
Escuta que vive o complemento de si ou terror no amor
Escuta até aquele bebão
Que ninguém daria atenção
Ai você vai esquecer que reivindicar voz é crime
Você vai ter tanto conteúdo que vai ser premiado com um roteiro lá no cine